A CIDADE NÃO TEM DINHEIRO, MAS VAI TER EXPO 2015! - por Sergio Prata
Houve um tempo, e eu passei por
isso, que a merenda escolar era complementada com ingredientes que os pais dos
alunos doavam para as escolas públicas, mas esses complementos eram basicamente
compostos por verduras e legumes, produtos altamente perecíveis para uma época
que não havia muita técnica para armazenagem. Depois disso veio a fase do
melado com farinha (que deixava o intestino da molecada indeciso, se soltava
pelo melado ou se prendia pela farinha), passei pela fase do macarrão com
salsicha, da canjiquinha doce, do arroz com peixe, do pão com banana, do pão
com goiabada, e finalizei meus dias como estudante de escola pública bebendo
uma imitação do Toddynho acompanhado de 5 biscoitos que diziam ser de Maizena,
mas eram mais duros do que a ração que eu sirvo para as minhas cadelas.
Pois bem, em mais um capítulo da
mais recente lenda urbana de Itaguaí, trouxe à luz um problema que vem
ocorrendo na merenda escolar, desde o início do governo afastado, no que trata
da diversidade do cardápio oferecido para as nossas crianças, que embora seja
rico em fibras, proteínas e vitaminas, principalmente as E, D e todas do
complexo B, é um saco comer arroz, feijão e ovo todos os dias. Podiam colocar
umas batatinhas fritas para disfarçar, ou mesmo colocar um bifinho, mesmo que
seja de hambúrguer embaixo do “zoião” e dizer para a molecada que era um “bife
à cavalo”, criando um fato lúdico dessa especialidade da culinária lusitana,
que recebeu esse nome pela semelhança entre o ovo e uma sela de montaria,
simplesmente pelo ovo estar “montado” no bife. Afinal, quem não tem dinheiro,
conta história!
Como Itaguaí não tem dinheiro se
nós temos a 4ª maior arrecadação do estado? E nem adianta justificar alegando
que o Prefeito afastado desviou uma verdadeira fortuna, porque a cidade não
deixou de arrecadar absolutamente nada nos últimos 3 meses, tanto é que já se
comprometeu em contratar artistas do peso de Paula Fernandes, Nando Reis, Luan
Santana, e outros, para a EXPO-2015, ultrapassando somente em cachê dos
referidos artistas, em algo em torno de R$ 1 milhão, fora os valores que
deverão ser pagos aos “casting”, locação de equipamentos e listas de exigências
(frutas, sucos, serviços de buffet e etc), um empenho de recursos que podemos
chamar até mesmo de criminoso, visto a precariedade que se encontra a cidade,
na saúde, na educação, na limpeza urbana e principalmente na segurança pública,
um evento que não tem mais nenhum sentido, em uma cidade de deixou de ser rural
há muito tempo.
Não é de hoje que eu questiono
esse evento. A última que eu me fiz presente foi em 2008, e me arrependi de ter
ido e ter perdido uma noite de sono, para ver um bando de jovens (a maioria
menores) se embebedando, brigando e fazendo barbaridades na cara das
autoridades, sem esquecer de comentar sobre os furtos de carteiras e de
celulares (no dia que eu fui, 3 pessoas que me acompanhavam tiveram seus
celulares furtados). Questiono o evento sim, pelo uso de recursos públicos para
sua realização, e que pode perfeitamente ser entregue a iniciativa privada, dentro
dos limites da Lei Rouanet. O que não pode e não deve, é empenhar os recursos
públicos tão necessários para os atendimentos às necessidades dos contribuintes
da cidade em um empreendimento de alto risco, beneficiando meia dúzia de
canalhas, transformando o erário em uma verdadeira “lavanderia” com data
marcada todos os anos!
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