O Desafio da Esperança – Questões sobre a Cultura no Município de Itaguaí - por Eduardo Teffé
Intrínseco ao homem, o processo de criação artística
funciona como expressão de sua individualidade e relação com o todo. Isso desde
priscas épocas, quando desenhos mágicos traçados em cavernas, como Lascaux na
França, tomavam a forma de portais para a representação da vida. Sempre o
indivíduo e a sociedade, o micro e o macro, o real e o místico, a angústia e a
excitação. A arte não tem um papel concreto, mas em toda a sua abstração
decifra, representa e legitima os mais diversos sentimentos humanos.
A nova administração municipal tem desafios em várias áreas.
Entre elas a aérea da cultura. Poderia ser enumerados conquistas das diversas
gestões que passaram pelo Cidade (como a
criação do Teatro, da Escola de Música ou da Casa de Cultura) ou em uma visão
mais pessimista e cética nos problemas
deixados pelos últimos tempos...
Mas gostaria de passar por cima disso e chegar em pontos
macros que discutimos no Plano municipal de Cultura. Na minha visão o grande
desafio é conseguir fazer os munícipes e artistas locais acreditarem que a
cultura pode ser mais e deve ser mais valorizada. Este processo se constrói com
escuta, com dialogo e transparência. Se faz ao abrir as portas para os artistas
locais, terrorizando investimentos e ações, criando editais públicos e valorizando
a memória e a afetividade da cidade.
Por fim digo que, acredito e torço para que no futuro as
gestões sejam capazes de mudar os paradigmas da relação com a cultura
municipal. Amplificando a escuta, sendo ética , pensando a arte tanto como
fenômeno estético como social e dando novamente a possibilidade de termos a
esperança de acreditar em um futuro melhor e com mais arte.
por Eduardo Teffé
por Eduardo Teffé
Olha, Eduardo, concordo com quase todo o seu texto, acho sim que o processo de criação, e até a fomentação da criação, é intrínseco ao homem. Só não concordo é com o fato de "os munícipes e artistas locais acreditarem que a cultura pode ser mais e deve ser mais valorizada". Até porque , desde que moro neste município, lá se vão mais de 15 anos, a pergunto que me faço é: que cultura temos aqui? A resposta é um rotundo: NENHUMA. Certamente que nesta indagação cabem angústia, perplexidade, indignação e também uma grande tristeza por saber que o que se oferece é infinitamente desproporcional ao que se arrecada. O que se realiza aqui deve se creditar aos poucos heróis e saudosistas, que, certamente, em muitos casos, põem dinheiro do próprio bolso. Que politica temos, por exemplo, para o livro? Quantos leitores temos na cidade? Quantas bibliotecas? Talvez em parte a resposta já esteja dada pela completa falta de livraria. Nem estou contando com a Nobel no Pátio Mix. E isto serve para outras categorias: dança, teatro, pintura,música, cinema.Não temos uma mísera cinemateca! Por que não temos um museu? O que falta para a restauração de alguns monumentos históricos? Temos algum cadastro de pessoas que atuam e produzem cultura? Quantas bandas temos na cidade? Qual o papel que a Casa de Cultura exerce hoje? E o Teatro Municipal, o que está acontecendo por lá? E o sistema de divulgação? uma lástima. O POUCO QUE SE FAZ SEQUER CHEGA AO CONHECIMENTO DAS PESSOAS. Por isso, Eduardo Teffé é que acho que cabe muito mais ao executivo se posicionar do que os munícipes e aos artistas. Estes dependem daquele. Ao poder público cabe pavimentar este caminho e ir até o povo com opções culturais, cabe, dentre muitos outros pontos, interagir, estimular, investir em talentos locais, criar projetos seja no campo da leitura, da dança, da contação de história, enfim, cumprir um papel de gestor, não um gestor ávido por números e estátisticas, mas um que tenha a sensibilidade de que o investimento no campo artístico não forma bonecos, mas cidadãos que se originarão em uma elite cultural no melhor sentido da palavra e retirarão de vez este lamentável título que a cidade carrega, creio eu, desde a sua criação, há 196 anos: CIDADE-DORMITÓRIO. Mas, para isso, antes de tudo, é preciso criar um SECRETARIA DE CULTURA de fato e de direito com autonomia, independência, com recursos próprios para tocar os projetos, uma equipe maior, motivada, bem equipada e conhecedora do campo que lida. E aí, todos nós, o povo, iremos juntos dando a nossa colaboração e emprestando o nosso conhecimento.
ResponderExcluirUm abraço.
Nilton Muniz